sexta-feira, 10 de julho de 2009

Do Centro Histórico de Santarém até ao Tejo


O Centro Histórico


O Centro Histórico de Santarém é o maior núcleo antigo de Portugal, ocupando uma área de 1,42 Km2, o que corresponde à quase totalidade do tecido urbano consolidado.
As construções tiveram que obedecer os contornos altos e baixos do planalto por um assentamento dos vários núcleos nos locais onde a estabilidade geológica oferecia maior segurança.
A morfologia urbana de Santarém obedece a uma lógica de desenvolvimento urbano linear e orgânico que testemunha as diferentes ocupações que a cidade conheceu ao longo dos seus três milénios de história.

Do urbanismo romano, ficou o traçado perpendicular das duas artérias principais da cidade, para além da estrutura rectilínea das vias secundárias do Bairro do Pereiro, vestígio provável do cardus e do decumanus.
A influência urbana muçulmana está presente quer no subsolo, quer ainda no traçado sinuoso de algumas ruas e vielas, nos becos ou nos pátios interiores, espaços de "descompressão" urbana onde o público e o privado se relacionam sem fronteiras defenidas.
Os largos e as praças, são por sua vez um legado cristão, assumindo-se como lugares de acontecimento por excelência. Estes locais evocam as realidades vivenciais da cidade medieval e moderna, uma vez que aqui afluíam as pessoas, os bens e as crenças e aqui se efectuavam as reuniões políticas, económicas, sociais ou religiosas, quer locais quer nacionais.
A estrutura urbana de Santarém complementa-se pela variedade e qualidade da linguagem estética das fachadas, a originalidade de varandas, telhados, portas, janelas ou revestimentos cerâmicos ímpares no País.
Analizando a situação geográfica de Santarém conseguimos perceber a importância estratégica desta cidade, não só pelo facto de se situar num planalto mas também pelas inumeras vantagens do rio Tejo, entre elas a navegabilidade.
Antes das vias rodo e ferroviárias rasgarem os solos virgens do nosso País eram as vias fluviais (em especial as mais facilmente navegáveis) que se assumiam como veículos de comunicação por excelência, fundindo os dois estilos de vida que, desde sempre, caracterizaram a Nação: o do continente agrícola e o do litoral marítimo.
Nesta perspectiva, é facilmente compreensível a importância que o Tejo teve na história de Santarém.
A sua vasta extensão e fácil navegabilidade foram primordiais na fundação e desenvolvimento futuro da cidade, uma vez que a urbe se assumiu como o mais importante porto do Tejo médio com os Romanos, os Muçulmanos e os Cristãos. Em especial desde que, no século XVI, Lisboa se tornou capital do Reino e aumentou a sua preponderância económica, que as comunidades ribeirinhas de Santarém não mais deixaram de crescer, em franca comunhão com o Tejo e com os seus vastos recursos.
No passado os monarcas e o respectivo séquito elegiam o barco como meio de transporte privilegiado e o rio Tejo como via essencial. Santarém era, até ao séc. XVI, um dos destinos privilegiados das (frequentes) deslocações da Corte, o que vem realçar o papel político desta via fluvial. Além do que, sendo o Tejo o maior rio da Península Ibérica, várias vezes assumiu um papel de primeira nas relações políticas entre Portugal e Espanha, sobretudo durante o período Filipino (1580-1640), altura em que os dois Estados Ibéricos estiveram unidos.

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