sexta-feira, 10 de julho de 2009

O planalto e as zonas ribeirinhas

Planalto e as zonas Ribeirinhas

É a relação entre estas duas estruturas urbanísticas que confere o cunho de originalidade a esta cidade do Ribatejo português.
O planalto é o lugar de fixação de comunidades agro-pastoris, adquirindo cedo uma função estratégico-militar (função materializada depois com a constituição do oppidum romano ou da Alcáçova muçulmana), a zona baixa erigir-se-ia como área de interpenetração de povos mediterrânicos, orientais e atlânticos. De vocação piscatória, comercial e industrial por excelência, esta área está estreitamente ligada ao rio e posicionada geograficamente por forma a beneficiar da protecção da cidadela.

Seria nesta área ribeirinha que nasceriam dois núcleos urbanos, cuja fundação parece indissociável da mitologia greco-romana e cristã da cidade de Santarém e que outrora se ligavam à parte alta através de uma complexa rede viária e de um sistema gigantesco de fortificações: o Alfange e a Ribeira.

A tradição historiográfica tem relacionado a origem do bairro de Alfange com a opção de Abidis, descendente mitológico de Ulisses, de aqui fundar Scallabis, uma importante urbe do curso médio do Tejo e base de assentamento da realeza local, em função da semelhança geográfica com Roma (as sete colinas). O certo e que o peso histórico de Alfange parece ter sido considerável antes do séc. XIV, se atendermos às três paróquias que aí se implantaram e cuja ancestralidade é hoje comprovada. De um primitivo porto fluvial, Alfange transformar-se-ia numa importante comunidade piscatória, cujos recursos permitiram fundar a Igreja paroquial de São Pedro, "o Novo", ou dos Pescadores. No séc. XIV, porém, parece ter perdido a sua anterior fulgurância, caindo numa estagnação irreversível.

Na Ribeira, por seu lado, nascerá o nome de Santarém, em função de aí ter sido sepultada Santa Iria ou Irene (séc. VII-VIII), Virgem do martirológico cristão e cujo étimo serviria para substítuir a antiga designação de Scallabis. Bairro burguês e industrial, cresceu a partir do séc. XIV, quando o aumento do tráfego fluvial e terrestre fez dela uma peça fundamental na economia da cidade e um centro vital.

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